CDT: O que te atrai no trabalho da CIA?
Carla:
O método livre e democrático em relação à criatividade para a montagem do espetáculo, desde a
personagem ao figurino onde todos podem expressar suas opiniões, num real trabalho em grupo.
CDT: Qual sua impressão de The Tutor ao ler o texto?
Carla: Pareceu-me um texto complexo, o que me fez ter dúvidas do seu poder de comédia, pois não se trata
de comédias como as que eu conhecia, comum.
CDT: Como foi, para você, o processo de montagem?
Carla: O estudo profundo realizado sobre a história, as ideologias filosóficas, políticas e morais do
texto facilitou a construção das personagens e dos figurinos, onde a participação de todos os atores foi integral. Analisar
o objetivo, a vontade e a contra-vontade dos personagens foi essencial para uma boa criação e desenvolvimento dos personagens.
CDT: O que acha do texto e da peça?
Carla: O texto é uma forma inteligente de criticar e colocar em discussão o modo de como somos condicionados
socialmente sem que percebamos.
CDT: Qual (s) seu (s) personagem (s)? Qual a importância deles para o espetáculo?
Carla: Minha personagem é a Güstchen. Por meio da sua maior e única arma, a sensualidade, ela conduz
e domina as situações para seus próprios interesses, rompendo com todas as regras impostas pela sociedade da época.
CDT: Como se sente nesse período próximo da estréia?
Carla: Ansiosa, sem dúvida, principalmente pela resposta do público e insegura , pelo fato de ser minha
estréia para uma bilheteria aberta. Mas acredito que essa minha insegurança, ao longo das apresentações, acabará. Ao mesmo
tempo me sinto tranqüila, pois o trabalho que executamos até agora foi uma boa base para que tudo saia como planejamos.
CDT: O que espera da temporada?
Carla: Espero que o público compreenda o nosso objetivo e qual a reflexão que estamos propondo.
CDT: Qual sua relação com o teatro antes dessa montagem e qual agora?
Carla: O conceito de teatro antes dessa montagem consistia em, simplesmente, decorar texto e atuar conforme
as coordenadas do diretor. Esse conceito mudou totalmente agora. Percebi que o teatro é mais que decorar um texto, é uma aprendizagem,
é um estudo profundo do texto e o que está ligado a ele: a sua filosofia, a política, cultura. Isso tudo para uma boa construção
dos personagens (e também atores) e, conseqüentemente, um bom trabalho.