CTD: O que te atrai no trabalho da CIA?
Bruna: Os textos montados, o concepção de encenação e a possibilidade de realmente aprender e
experimentar diferentes formas de se fazer teatro.
CTD: Qual sua impressão de The Tutor ao ler o texto?
Bruna: Boa. Já tinha uma boa idéia do autor e acho que leria qualquer texto com bons olhos.
CTD: Como foi, para você, o processo de montagem?
Bruna: No início estava super envolvida, dos pés a cabeça. Senti que me afastei um pouco durante
o processo mais por questões exteriores a montagem em si. Gosto muito como o processo é conduzido principalmente no que diz
respeito ao trabalho de grupo. Estou feliz com o desenvolvimento de todos os atores. Apesar de existir e ser muito bom, sinto
falta de aprofundar ainda mais estudo do autor, da peça, de suas influências filosóficas, ideológicas, enfim, trabalho de
mesa que dá sustentação para a montagem.
CTD: O que acha do texto e da peça?
Bruna: Continuo gostando muito do texto e agora menos pelo peso do nome do autor. Descobri coisas
do texto que fazem muito sentido com a montagem e que parece se encaixar perfeitamente com esta. Acho ele bastante longo e
talvez confuso pela falta de objetividade (simplicidade) no sentido da multiplicidade de histórias paralelas, mas consigo
perceber que elas servem a um objetivo comum, mas tenho medo que isso não esteja claro na montagem ainda mais por ser em inglês.
Tenho muito medo da compreensão dos espectadores e não no que diz respeito aos códigos, mas ao texto e à interpretação.
CTD: Qual (s) seu (s) personagem (s)? Qual a importância deles
para o espetáculo?
Bruna: Majora, representante de uma classe que está em decadência. Demonstra muito sua decadência
e sua hipocrisia, que na realidade andam juntas. Se apega aos valores decadentes ao máximo para não se admitir decadente.
Ela está no centro de uma família deteriorada e mostra muito bem os tipos de relações inconsistentes e ao mesmo tempo autoritárias
estabelecidas nesta família.
Já o Bolwerk é o representante da juventude inserida em um sistema educacional. Ele demonstra
muito a virilidade, o idealismo, a utopia , a vontade, a esperança de um jovem (primeira cena). E depois o massacre dessas
características em parte pelo sistema educacional e pelo mundo de uma maneira geral, pela realidade. Não sei se está muito
claro, mas a sociedade sufoca seu poder revolucionário e ele acaba se deparando com a realidade que não é nada doce e talvez
passe a ter uma visão mais realista ou até pessimista do mundo.
CTD: Como se sente nesse período próximo da estréia?
Bruna: Bastante nervosa e com medo. Apresentar uma peça em inglês 12 vezes e conseguir público
será uma tarefa árdua.
CTD: O que espera da temporada?
Bruna: Espero, com as apresentações que a peça ganhe ritmo,
dinâmica, coesão e uniformidade. Estou curiosa por um feedback e ansiosa por
encontrar público.
CTD: Qual sua relação com o teatro antes dessa montagem e qual
agora?
Bruna: Não posso viver sem. Quero, daqui para frente, fazer
mais teatro em português e me aprofundar cada vez mais. Cada vez mais fazer um trabalho profissional.